ANTI-TELA

domingo, 13 de junho de 2010 13:16 Postado por Nenhuma Palavra 2 comentários
Ultimamente ando tendo muita coisa pra falar... mas não quero.

Não adianta, a sensação que tenho com o passar dos anos é de que nada vai mudar.

Quando eu fiz 20 anos, realmente acreditava que este seria o melhor ano da minha vida. Que finalmente faria meu mochilão pela América Latina, que conheceria várias pessoas interessantes, que me viraria muito bem com toda a minha “maturidade de 20 anos”, que continuaria a ter a liberdade de mandar as pessoas à merda na hora que eu quisesse, que nenhum dos maus amigos iria embora, que eu iria conhecer, quem sabe, pelo menos uma pessoa que me despertasse um real interesse, que também conheceria uma pessoa que não fosse assim tão hipócrita quanto as outras, entre outras coisas.

Bem, os 21 chegaram e absolutamente NADA disso aconteceu. Muito pelo contrário. Se os 20 anos eram pra ser os melhores, eu sempre tive medo dos 21. Porra! 21 anos é muito ano... você se sente velho e começa a se dar conta de que está vivendo no mundo real. A porra do mundo em que nada nunca vai acontecer.

E, acredite, se você é uma dessas menininhas que fala com um jeitinho fresco, que faz careta pra tudo, que não tem um pingo de cérebro, que é fã de Crepúsculo e acha que sua vida se resolverá assim que seu príncipe encantado encontrar você e te chamar pra dar uma volta no seu mais novo Porshe rosa-bebê, que acha que ficando sentada na frente dessa merda desse seu computador o mundo vai ficar melhor ou que simplesmente vegeta, me faça um favor: Morra. Detesto que tenha que ser eu a te dar a notícia (mentira, adoro essa parte.), mas nada vai acontecer se você não for atrás. Incluindo, claro, a parte do Porshe. Porque além de um carro desses em rosa-bebê soar ridículo, além de você, garotinha, não conseguir dirigir um Porshe dignamente, o único tom realmente aceitável pra um carro desses é o AMARELO!

Tá certo, com 20 anos eu não era nada disso, mas, vamos e venhamos, tinha meus absurdos. E realmente acredito que posso dirigir um Porshe se você me der um. Bom, enfim... Os 21 estão chegando e, além de eu não ter conseguido fazer nada, meu computador resolve me dar o maior presente que eu poderia receber e estraga fodidamente a tal placa da putaquepariu ao ponto de eu perder meu livro. Sim, pra quem não sabe eu sou, ou era, “escritora” e escrevia a mesma porcaria de livro desde os 12 anos. Então, da noite pro dia, eu simplesmente perco tudo. Fora todos os meus gigas em música, (UMA VERDADEIRA COLETÂNIA!!!!! ) as minhas fotos das viagens, outros vários textos que eu escrevi quando ainda escrevia bem, meus desenhos, vídeos, meu jogos... É... isso me faz pensar que, hoje em dia, quando o seu computador falha, sua vida desaba.

Também me levou a outra reflexão: Talvez viver fosse mais legal quando o único lugar que a gente tinha pra guardar as coisas era na nossa cabeça. Eu me lembraria nitidamente de todos os lugares em que estive sem precisar das fotos... assim, com detalhes. Me lembraria do dia, do que aconteceu, e sentiria uma saudade quase que idosa de tudo o que ficou pra trás. Meus jogos seriam os de tabuleiro (“Imagem e Ação”, que é muuuito legal ou “War”, que faz todo mundo brigar), vídeo ia ser só a lembrança, a música seria guardada em pilhas e pilhas de discos do ladinho da vitrola e os textos estariam escritos à mão, guardados num baú ao pé da cama. Se eu não tivesse computador, sobraria mais tempo pra fazer tudo aquilo que eu quis fazer... Não perderia minha vida com esses sites sanguessugas de vidas como o Orkut ou Twitter, e não gastaria meu tempo ficando online no MSN.

Acho, realmente, que estes 3 programas de relacionamento são uma conspiração pra deixar a gente mais burro. Quantas vezes mais você não prefere ficar no MSN falando sobre NADA do que ir pra um parque e ler alguma coisa? Ou ir tomar um chocolate quente com um bom amigo ou então, simplesmente largar mão de vergonha e chamar essa pessoa que você fica esperando ficar “on” pra sair?

Me sinto meio velha falando estas coisas, mas com toda a minha velhice interior acredito que é disso que as pessoas andam precisando. Se esconder atrás de uma tela é fácil, quero ver quem tem coragem de botar a cara à tapa. Quem tem coragem de ser um humano ao vivo, sem cortes e sem reedição.


Essa pessoa, definitivamente, ganharia a minha admiração...

por Aline DeMarco

Obrigada por ler, até o próximo post.