Tudo aquilo que vai, volta.


Não importa muito a data, a hora, Não importa o quanto demora.

Tudo aquilo que vai, volta.

A minha avó era uma mulher sábia. Quem dera eu tê-la escutado mais enquanto ela estava viva. Me recordo muito bem destas frases que ela soltava, quase como um jargão, pra que eu pudesse recordar com um certo saudosismo.

A segunda frase sábia de que me lembro é “Quanto mais você abaixa, mais querem que você mostre a bunda”. De fato. Nesse mundo a gente não pode ser bonzinho. Deus me livre não ser filha da puta com alguém! Essa pessoa com certeza, em um punhado de meses, vai se convencer de que você é trouxa e começar a fazer as maiores atrocidades possíveis. E mais! Vai se achar no direito.

É, meu amigo, quanto mais você se abaixa, mais querem ver a sua bunda.

Era com essa frase que eu deveria ter aprendido a não ser feita de trouxa. Mas não. Eu acabei aprendendo é com a vida mesmo. E, pra dizer a verdade, acho que até hoje ainda não aprendi direito.

Porque quando você é legal demais com os outros, acaba passando a idéia de que você é um bobo da corte. Não importa quantas vezes te machuquem, não importa quantas vezes você releve os acontecimentos. Se você sempre perdoa, você vai sofrer pra sempre. Se você sempre perdoa você é um otário, você não liga pra si mesmo, você... você até merece.

É assim que o mundo vai te ver. Quando você é tolerante e legal demais, você fica na espera, é deixado de lado, é esquecido. Porque você não vai ligar, não é? É só mais uma vez, só de novo, só sempre. Já é comum...

E, peloamordedeus, acredite em mim. Se você for aquela pessoa bacana que pensa em não ferir as pessoas de quem você gosta, que gasta pelo menos um segundo do seu dia se colocando no lugar do outro e não fazendo aquilo que você não gostaria que fizessem com você, então prepare-se. Você é um belo de um imbecil. Porque por mais que você se esforce pra não fazer com o outro o que você não queria que fizessem com você, esse tal outro vai fazer o dobro. E você? Você vai se foder. Vai cuidar da sua vida. Foda-se você.

Outra frase que a minha avó dizia era “Aquilo que não tem solução, resolvido está

Essa frase sim tem me ajudado. Simplesmente cansei de ficar tentando resolver aquilo que não tem solução e que não quer ter solução. Às vezes você quer mesmo que uma coisa aconteça, mas, por favor, amigo, olhe para a realidade. Não vai acontecer.

Não vai, e a culpa não é sua. A culpa provavelmente é de alguma pessoa escrota que não sabe tirar os olhos do próprio umbigo, dos próprios problemas que ela mesmo cria e não resolve porque não quer. Não resolve porque é fraca. E você vai fazer o que? Se a coisa não tem solução, companheiro, ela já está resolvida. É assim e pronto. Só, por favor, não fique quebrando a cabeça por aquilo que não vale a pena. O famoso “Não gastar vela boa com defunto ruim”, entende? É, minha avó também falava isso. Não se resolve problemas quando eles não dependem só de você pra serem resolvidos. E se dependem de você e você não resolve, então vai se foder. Você é um bosta.

Tudo aquilo que vai volta.

Não quero aqui aludir à total falta de respeito e acabar piorando essa merda que anda sendo as atitudes das pessoas. Você consegue entender isso? Tenho cá minhas dúvidas...

Quero dizer que tudo o que vai, volta.

Que as pessoas não são brinquedo. Elas são pessoas. Pensam, sentem e devem ser respeitadas. E que quando isso não acontece, amigo, você perde o crédito. Perde justamente o otário que se preocupava com você.

Otário? E então? Quem é o otário?

Acho que deveríamos rever esse conceito...

Acho que as coisas andam meio invertidas...

E se você não acha, me desculpe. Mas o otário de quem falo é você.



Sejam felizes na sua imensa mediocridade.

Por Aline DeMarco.

sábado, 9 de outubro de 2010 22:02 Postado por Nenhuma Palavra 5 comentários
Alice olhava pro mundo de sua janela embaçada, da Rua São João, do sétimo andar, do apartamento 72. Estava embaçado e a vista se espremia por detrás dos óculos sem efeito. Os olhos estavam embaçados.


Ali, da rua São João, do apartamento 72, do sétimo andar, Alice queria ganhar o mundo, se enterrar no mundo, saltar para o mundo. Fazer parte do mundo. Mas as pessoas lá em baixo andavam como formigas num formigueiro, formigas famintas, procurando por comida, pelo maior acúmulo de comida. E... e elas não tinham mais fome, mas continuavam a caçar comida.


Comiam umas às outras, digladiavam-se no asfalto. Pisavam umas nas outras.

É... Alice pensou...tudo errado. Sempre esteve tudo errado...

Afinal, quando foi que deixamos de ver as pessoas como pessoas? Porque ali,naquela janela, naquele apartamento, naquela rua, pensar no próximo como uma pessoa parecia estar fora de moda. E mais! Parecia um crime!

Sim... porque você é o único ser humano que merece crédito. seu coração dizia para o mundo. - Céus! Um deus na terra! A merda do seu umbigo sujo vale mais do que qualquer coisa, não é mesmo? Por isso você age deste modo imbecil, por isso você não valoriza a porcaria da pessoa que está do lado. Por isso você celebra o seu fracasso todas as noites com vodka e cerveja. Porque é isso o que você é. Um fracassado. Um fracassado de merda tentando se auto-afirmar.

O coração de Alice se apertou... ela não queria mais pensar. Era inevitável.

Por isso não importa o que você tenha que fazer. Você quer auto-afirmação. Você quer provar que você não é um derrotado, um humilhado, um nada. É nisso que seu mundo nos transforma... em um nada. Porque não importa quem está do seu lado, não importa o que esta pessoa esteja dizendo. Não importa se é agradável ou não. O que importa é que ela se encaixa nos padrões, que esteja no seu sonhozinho imbecil de consumo. Isso. Porque você é consumista, você não conhece pessoas, você as coleciona. As consome. E eu, Alice, acho isso nojento.

A ânsia do mundo subiu até a garganta e ela se afastou da janela aterrorizada... Céus... o que seu cérebro pensava fazia todo o sentido. Sim... Então ele apenas continuou:

E em nome da auto-afirmação você não liga a mínima pra essa coisa-pessoa que é consumida. Você apenas a consome. Não importa, não é? Não importa o que ela pensa, não importa o que sente, não importa se se sente otária, se é feita de palhaça. Não importa se ela tem os mesmos traumas que você... não importa quem ela é, simplesmente não importa. Você quer diversão. Foda-se se seu objeto de divertimento não goste disso. Afinal, ele não é como você, não é? Ele não é humano. Foda-se o que ele sente.


Viva a sua vida? Carpe Diem?

Vai tomar no cu!

Alice fechou a janela com força, jogando os óculos no sofá velho e secando os olhos com raiva.


Ela simplesmente não consegue ser assim. E talvez também seja essa otária, essa palhaça, essa pessoa-coisa. E mesmo que não queira que seja assim, simplesmente não consegue não ver uma pessoa como uma... uma pessoa. E é duro que seja assim...


É duro ser uma coisa.


É... triste...

Então Alice desaba, deita no sofá, grita, morre só mais um pouquinho... Ninguém ouve. Não importa se Alice morrer, ela seria rapidamente substituída.

Esquecida.


Ora... ela já é substituída e esquecida.

Faz alguma diferença?

Não.

“Faça...” –ela escuta. “Faça...”

Mas você não vai saber se ela o fez. Sequer vai saber se Alice algum dia existiu. Porque você está ocupado demais com sua cerveja, ocupado demais com sua vodka, com seu trabalho, com sua roupa, com sua comida, com seus homens e suas mulheres, ocupado demais com a porra do seu baseado, com seu crack, com a merda do seu vicio. Ocupado demais se isolando, só pra reclamar que está sozinho. Você está ocupado demais com você pra se importar com quem quer que seja.


Então você não viu Alice partir... Você sequer viu Alice.


E eu posso não saber de muitas coisas. Aliás, eu não sei de quase nada. Mas sei que não era Alice quem deveria morrer... Não, de jeito nenhum!

Quem deveria morrer, leitor, certamente, é você.





E eu? Eu sou só o cérebro partido de Alice.

Por isso, tenham uma ótima e solitária noite no puteiro do mundo.



Por "Aline DeMarco".

Texto que não "É Mentira":

Se eu ganhar na mega sena, você vira meu amigo?


Se eu pintar meu cabelo de vermelho, você vira meu amigo?
Se eu ficar popular, se ficar famosa, se for bem sucedida, se viajar pra Europa, se me mudar pros EUA, você vira meu amigo?
E se eu aceitar tudo o que você diz de boca calada? Você vira meu amigo??
E se eu por silicone, retirar meu cérebro, me lotar de maquiagem e usar roupa curta? Você vira meu amigo?
E se eu for influenciável? Você vira meu amigo?
E se eu segregar as pessoas de quem gosto pelo seu cu doce? Você continua sendo meu amigo?
E se eu não contar seu maior segredo pra ninguém? Você vira meu amigo?
E se eu não te lembrar do quão podre você é? Do quão vil você é, do quão vagabundo e mesquinho e otário você é? Você continua sendo meu amigo?

Sim, você continua.
Mas essa amizade eu não quero. Dessa merda eu não preciso.

Eu já falei sobre hipocrisia e, sinceramente, acho desagradável ser repetitivo. - Muito embora algumas pessoas precisem que se diga centenas de vezes a mesma coisa pra que a idéia fique clara. Acho um saco ter que dizer as coisas pra uma mesma pessoa mais de uma vez. Afinal, pra bom entendedor nenhuma palavra basta. Muita gente me achou falsa depois daquele comentário sobre a maioria das pessoas serem hipócritas, mas... vamos reavaliar:

É falso dizer as coisas na sua cara?
É falso te lembrar do que você é, na essência?
Quem é falso?
Aquele que fica no seu pé puxando seu saco ou aquele que te diz, ali na lata, que você é um pedaço de bosta, se você realmente for?
Aquele que diz que te adora e não olha na sua cara 5min depois disso ou o que aponta seus defeitos?
Aquele que diz que quer te pegar ou aquele que finge e diz que te ama?

Ora, sejamos sinceros.

Tanta gente me fala bosta quando o infortúnio me faz falar a verdade - muito embora a maioria das pessoas não mereça nem isso - mas o que a vida prova é que eu tinha toda a razão. E não é com revolta que digo isso, mas com um sorriso no rosto.

Obrigada, Deus, Buda, Alah, Capeta, Sejaláquemfor, por tirar do meu caminho essa podridão. Obrigada à Eumesma por desconfiar tanto destes seres humanos. Porque uma pessoa que me diz pra tomar cuidado com meus próprios amigos não pode ter mesmo muito crédito.

A vida pode funcionar como uma playlist pra algumas pessoas... Qual você está a fim de escutar agora? Esta não é útil? Esta te faz brigar? Esta vai tirar de você a única... coisa (?) que você tem pra comer? Então delete-a. Depois resgate-a. Pra mim não é assim. Trato pessoas como pessoas... quando elas merecem.

Acho bom quando isso acontece. As pessoas provam por si mesmas quanto crédito elas merecem ter e se merecem ter. Não importa o tempo que demore. Os que ficam... esses sim merecem lugar de destaque, esses sim merecem meu respeito e minha fidelidade. Não importa aonde eles estejam, não importa o quão distante ou perto eles possam estar, estes são os peneirados, os que valem a pena.



Aprendi que a vida nunca te dá uma segunda chance pra fazer as coisas.
E Eu? Eu também não dou.



por Aline DeMarco.

Estupidez

domingo, 8 de agosto de 2010 13:39 Postado por Nenhuma Palavra 1 comentários
Tome uma cerveja.

Ouça uma boa música.
Ouça algo que te faça voar... voar cada vez pra mais longe.
Tome uma cerveja, amigo.
Vá ao próximo bar.
Fume seus cigarros californianos.


Tome uma cerveja e fume um cigarro.
Encoste-se na cadeira,
Estenda os pés o máximo que puder.
Cruze os braços e observe.



A vida lá fora não foi feita pra você.
Ei, sente-se.
Pegue um cigarro, tome uma cerveja.
Esteja alerta por toda a noite.
Porque ela vai chegar.



Os carros lá fora passam em forma de luzes.
Luzes rápidas acompanhando o farol.
Luzes rápidas acompanhando a rotina.
Luzes rápidas pro sonho,
Pro pesadelo.
Realidade.


Você está fodido.
Pegue mais um copo, tome um gole.
A vida passa em luzes lá fora.


Ontem você era o que?
Um jovem revolucionário? Um milionário? Um visionário?
Otário.
Um protótipo.
Um produto.
Um puto.
Um nada.


Encoste-se na cadeira
Tenha calma
Respire.
Inspire
Solte a fumaça.



O gosto amargo que fica da nicotina é um ranço,
uma prova do amargo já provado.
Você tem vinte e seis anos e a vida é dura, é amarga.
Infeliz.
Você tem vinte e nove anos e está no fundo do poço.



Tome esta cerveja, fume este cigarro.
Você nunca teve vocação pra revolucionar.
Você quer,
tenta,
grita,
esperneia.



Mas no final acaba sentado no bar de pernas esticadas
e braços cruzados olhando as luzes passarem.



As pessoas lá fora ficam falando sobre não desistir.
Dissertam sobre não desistir,
discutem a não desistência.
Dizem que é fraco desistir.


Mas é burro gastar tempo
É estúpido gastar vida.



Você está sentado no bar
de pernas cruzadas
olhando a vida passar.
É grosseiro o modo com que a vida passa.



Você tem trinta e dois anos e nenhum plano,
nenhuma promoção no emprego,
nenhuma idéia da vida.
Nenhuma mudança.



Aos dezesseis você queria mudar o mundo,
aos dezessete acreditava que era capaz.



Esqueça isso,
tome uma cerveja.
Ouça uma boa música...
esqueça disso.



Conforme a vida passa,
te faz sentir cada vez mais
como um maldito vaso quebrado.



Não há nada ali dentro,
nada pode existir ali dentro.
Você está partido, não há cura.
Você é um traumatizado,
um fodido.
Estupidez.



Você tem setenta anos,
três filhos,
sete netos,
dois cânceres ósseos
e apenas uma mulher.



O que você fez?
A morte é breve, a morte é desejada.



Então você se senta num bar,
encosta as costas na cadeira,
estica e cruza as pernas,
dobra os braços calmamente.



Fume uma cerveja, beba um cigarro.
O sinal abriu.
Luz forte...
...agora.
Tudo o que se tem a fazer é esperar essas luzes passarem.


Obrigada por ler.
Por: Aline DeMarco.

 
ATENÇÃO: Esse post não se refere a alguém, não tem a intenção de se referir a alguém e jamais se referiria a alguém, por isso, se você se identificou não encha meu saco. Vamos ter um pouco mais de cérebro e interpretar as coisas mais profundamente, por favor.
Obrigada.

Acordar...

Hoje meu despertador tocou às 9h da manhã... um barulho alto e agudo, uma puta vontade de tacar ele longe. Eu até cheguei a comentar que odiava o barulho do meu despertador pra alguém... É, e me disseram pra mudar o som. Acontece que não é o som que desagrada, é o barulho em si.


Acho que o ato de acordar é uma coisa delicada... qualquer coisa que aconteça pode te foder o dia. Então bem que podiam bolar um meio menos traumático de acordar...

Tem gente que usa o “soneca”... aqueles 10 minutinhos antecipados que colocam a coisa do diabo pra despertar realmente fazem a diferença. O problema é que pessoas como eu não se contentam com 10 minutos. Não, meu caro, no mínimo meia hora! Só que depois que você aperta o soneca três vezes um lapso te afeta e você, meio inconsciente, já não sabe mais que horas são. Ai fudeu... já perdeu a hora. Nesses casos, nem me dou ao trabalho de levantar e sair correndo. Você perdeu a hora, seu dia vai ser um lixo, você está de mau humor e é melhor mesmo ficar na cama.

Mas tem coisa que realmente irrita quando te acordam... Como quando você pede pra sua irmã te chamar e ela fica sussurrando incessantemente no seu ouvido um “acorda” mixo. Que que é isso, essa pessoa é tão chata que parece um despertador humano. A gente acorda só de raiva de ouvir ela sussurrar. Lembro até hoje da quantidade de vezes que xinguei a minha irmã de manhã, soltando um “PORRA!!!!!! JÁ VOU!!!!!” pra começar bem o dia.

Aliás, também é horrível quando te acordam com grosseria. Você dormindo no seu cobertor quentinho, todo aconchegante e vem um filhodumaputadesgraçado abrir a porta com tudo e gritar “ACORDA!!!!” ali da porta mesmo. Só pra bater ela com força depois. Ah, ai já é demais... Dá vontade de pular da cama com um machado e cortar a cabeça da desgraçada da pessoa que te faz isso logo pela manhã. Uma pessoa assim não tem um pingo de amor no coração.

Outro despertador desagradável é seu telefone, interfone ou campainha. Quando é a campainha e você mora numa casa não tem jeito. Tem que levantar com aquela cara de bunda amassada e atender a maldita pessoa. Telefone também é difícil ignorar... ele parece mais alto no toque seguinte. E realmente irrita quando quem tá na linha pergunta se você tava dormindo, diz que é engano ou, sem a mínima consideração, desliga na sua cara. Já o interfone eu sempre ignoro... Seja lá quem for que estiver lá em baixo, vai ter que esperar.

Fiquei pensando em meios alternativos de acordar... Porque o despertador com soneca é um auto-engano. Conversando com um amigo cheguei a conclusão que sempre que desse a hora da gente acordar um velhinho deveria aparecer com uma cadeira e um jogo de xadrez, te cutucar com a bengala e forçar você a jogar com ele. Se você perder, é obrigado a levantar e recebe uma bengalada na cabeça. Se ganhar, pode dormir mais 10 minutos, sobre o peso de jogar o xadrez de novo quando acordar. Jogar xadrez com um velho de bengala pela eternidade me faria acordar de primeira.

Esse mesmo amigo disse que resolveria mesmo se uma sirene tocasse e só parasse depois que a gente fizesse algo, como cortar toda a grama do pomar ou jogar sudoku. Assim não sentiríamos mais vontade de deitar.

Acho que devíamos mesmo abandonar o despertador... bolar outros meios... Mas só em pensar nisso eu já fico com sono... Então vou por o relógio pra despertar e dormir. Aliás... você também deveria ir.



Obrigada por ler, até o próximo post.

Por Aline DeMarco



Queria agradecer a ajuda dos amigos:

*Fernanda Palmieri, que detesta quando a mãe dela a acorda cantando uma certa música e puxando os cobertores.

*Bruna Bavuso, que declarou que o pior jeito de acordar é as 9h da manhã com seu pai tocando bateria.

*Heitor, Gustavo e Marcel que ajudaram a discutir o tema. [eu realmente discuto esses temas]

Obrigada!



[Esse post não tem o intuito de agredir ninguém. Por isso, se você se sentiu agredido... bom, procure um psicólogo.]

ANTI-TELA

domingo, 13 de junho de 2010 13:16 Postado por Nenhuma Palavra 2 comentários
Ultimamente ando tendo muita coisa pra falar... mas não quero.

Não adianta, a sensação que tenho com o passar dos anos é de que nada vai mudar.

Quando eu fiz 20 anos, realmente acreditava que este seria o melhor ano da minha vida. Que finalmente faria meu mochilão pela América Latina, que conheceria várias pessoas interessantes, que me viraria muito bem com toda a minha “maturidade de 20 anos”, que continuaria a ter a liberdade de mandar as pessoas à merda na hora que eu quisesse, que nenhum dos maus amigos iria embora, que eu iria conhecer, quem sabe, pelo menos uma pessoa que me despertasse um real interesse, que também conheceria uma pessoa que não fosse assim tão hipócrita quanto as outras, entre outras coisas.

Bem, os 21 chegaram e absolutamente NADA disso aconteceu. Muito pelo contrário. Se os 20 anos eram pra ser os melhores, eu sempre tive medo dos 21. Porra! 21 anos é muito ano... você se sente velho e começa a se dar conta de que está vivendo no mundo real. A porra do mundo em que nada nunca vai acontecer.

E, acredite, se você é uma dessas menininhas que fala com um jeitinho fresco, que faz careta pra tudo, que não tem um pingo de cérebro, que é fã de Crepúsculo e acha que sua vida se resolverá assim que seu príncipe encantado encontrar você e te chamar pra dar uma volta no seu mais novo Porshe rosa-bebê, que acha que ficando sentada na frente dessa merda desse seu computador o mundo vai ficar melhor ou que simplesmente vegeta, me faça um favor: Morra. Detesto que tenha que ser eu a te dar a notícia (mentira, adoro essa parte.), mas nada vai acontecer se você não for atrás. Incluindo, claro, a parte do Porshe. Porque além de um carro desses em rosa-bebê soar ridículo, além de você, garotinha, não conseguir dirigir um Porshe dignamente, o único tom realmente aceitável pra um carro desses é o AMARELO!

Tá certo, com 20 anos eu não era nada disso, mas, vamos e venhamos, tinha meus absurdos. E realmente acredito que posso dirigir um Porshe se você me der um. Bom, enfim... Os 21 estão chegando e, além de eu não ter conseguido fazer nada, meu computador resolve me dar o maior presente que eu poderia receber e estraga fodidamente a tal placa da putaquepariu ao ponto de eu perder meu livro. Sim, pra quem não sabe eu sou, ou era, “escritora” e escrevia a mesma porcaria de livro desde os 12 anos. Então, da noite pro dia, eu simplesmente perco tudo. Fora todos os meus gigas em música, (UMA VERDADEIRA COLETÂNIA!!!!! ) as minhas fotos das viagens, outros vários textos que eu escrevi quando ainda escrevia bem, meus desenhos, vídeos, meu jogos... É... isso me faz pensar que, hoje em dia, quando o seu computador falha, sua vida desaba.

Também me levou a outra reflexão: Talvez viver fosse mais legal quando o único lugar que a gente tinha pra guardar as coisas era na nossa cabeça. Eu me lembraria nitidamente de todos os lugares em que estive sem precisar das fotos... assim, com detalhes. Me lembraria do dia, do que aconteceu, e sentiria uma saudade quase que idosa de tudo o que ficou pra trás. Meus jogos seriam os de tabuleiro (“Imagem e Ação”, que é muuuito legal ou “War”, que faz todo mundo brigar), vídeo ia ser só a lembrança, a música seria guardada em pilhas e pilhas de discos do ladinho da vitrola e os textos estariam escritos à mão, guardados num baú ao pé da cama. Se eu não tivesse computador, sobraria mais tempo pra fazer tudo aquilo que eu quis fazer... Não perderia minha vida com esses sites sanguessugas de vidas como o Orkut ou Twitter, e não gastaria meu tempo ficando online no MSN.

Acho, realmente, que estes 3 programas de relacionamento são uma conspiração pra deixar a gente mais burro. Quantas vezes mais você não prefere ficar no MSN falando sobre NADA do que ir pra um parque e ler alguma coisa? Ou ir tomar um chocolate quente com um bom amigo ou então, simplesmente largar mão de vergonha e chamar essa pessoa que você fica esperando ficar “on” pra sair?

Me sinto meio velha falando estas coisas, mas com toda a minha velhice interior acredito que é disso que as pessoas andam precisando. Se esconder atrás de uma tela é fácil, quero ver quem tem coragem de botar a cara à tapa. Quem tem coragem de ser um humano ao vivo, sem cortes e sem reedição.


Essa pessoa, definitivamente, ganharia a minha admiração...

por Aline DeMarco

Obrigada por ler, até o próximo post.

Coxinha de Frango

[Esse post é dedicado ao meu amigo Douglas Battetuci que me deu a idéia do tema.]


Eu acho, sinceramente, que dá pra julgar o patamar social de um indivíduo olhando pra coxinha que ele come, está comendo, ou é capaz de comer.

Nos botecos de São Paulo, por exemplo,  a gente pode observar diversos tipos de coxinhas, indo da mais sequinha e recheada à que é depósito de óleo, massa e gordura trans. - Isso quando o dono do boteco não me coloca aquele catupiri safado feito de maisena no meio do recheio pra dá uma disfarçada no frango esfarelento. Sim, porque, segundo uma árdua pesquisa, fui capaz de constatar que quanto mais safada a coxinha mais esfarelento é o recheio e mais oleosa é a massa. O que é intrigante, porque como uma coisa consegue ser esfarelenta de tão seca e, AO MESMO TEMPO, MEU CARO, semi-líquida de tão gordurosa?

Bom, o fato é que, de bar em bar, com muito ânimo e força de vontade - ou com a sua vivência - você acaba sendo capaz de reparar que aquela mocinha fresquinha de " unhinha feita na manicure toda a semana" fã de Restart, Cine e Justin Bieber, jamais chegará perto de uma coxinha de boteco, aliás, pra uma pessoa fã destas coisas, acho que nem do boteco ela pode chegar perto... Então, refazendo as minhas palavras para menores de... 12? anos : "( ... ) jamais chegará perto da coxinha de frango da cantina do colégio!". Mas eu acho que esse tipo de gente não merece muita consideração. Particularmente eu tenho uma admiração reprimida por quem é capaz de chegar no boteco, pedir uma cerveja e uma coxinha de frango das mais oleosas e manda pra dentro sem ressentimentos.

Aliás, acho que a maioria dos meus amigos seria capaz de fazer isso. Pensando bem, acho que, na verdade, a gente pode avaliar o patamar das relações entre as pessoas colocando uma coxinha pra ela comer numa mesa de bar. Quando a companhia é interessante, meu amigo, ninguém tá nem ai pro que tá sendo servido.

Resumindo, eu me perdi.

Quero só fazer propaganda da coxinha de frango feita pelo meu excelentíssimo avô Seu Adhemar, que deixa qualquer buffet no chinelo e que é quase que uma tradição na família. - Sério, se tiver oportunidade experimente.

Também queria agradecer a participação do meu amigo Marcel  nos debates e pesquisas... - Até porque ele foi o único participante da pesquisa.



Obrigada por ler, até o próximo post.
por Aline DeMarco.

domingo, 9 de maio de 2010 01:14 Postado por Nenhuma Palavra 2 comentários
Charles Bukowiski tem um bom pensamento sobre o amor.

Ele diz:

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."

Ultimamente ando acreditando que essa é a mais absoluta verdade. A gente nunca vai conseguir apenas gostar de uma pessoa, sem pensar no que ela pode nos oferecer... sem pensar no que nos é mais conveniente. E, sinceramente, é triste que funcionemos assim. É... é solitário demais...
Mas o que fazer, camarada? Nesse mundo de loucos, ou é seguir isso ou ir pro banco do reserva antes do fim do jogo, antes da possibilidade de fazer um gol.

Ando acreditando que, infelizmente, se a gente não for filho da puta nesse mundo a gente fica é pra tras, vira burro de carga, vira um coitado, um pedaço de merda. Uma parte de mim sisma em ser um pedaço de merda... A outra? A outra tenta dizer não.

Me parece que desse jeito as coisas ficam cada vez mais vazias, cada vez mais egocêntricas. Acho errado um ser humano ser egocêntrico com tanta gente do lado, acho até que é doentio. Mas vivemos nesse mundo de doentes, meu caro... E tudo o que se tem a fazer é apagar de vez essa chama que há dentro da gente e nos tonarmos doentes também... Nos tornarmos ocos também.

Nada para acrescentar, nada para dividir. Um imenso e absoluto nada.

Eu costumava andar por ai me perguntando os motivos para as pessoas agirem assim. Finalmente aprendi que não é uma questão de escolha, que ou é assim ou você vira uma espécie de zumbi que acha que não tem mais nada dentro de você, que realmente sente isso.

A vida é assim, amigo... se a gente é bonzinho demais acaba perdendo a parte toda que há dentro da gente, acaba chegando no fatídico dia que você tem que ficar uns dez minutos sem se mexer com medo de que, se você se levantar, você vai fazer a maior bosta do mundo com a sua vida. Até hoje, pelo menos uma vez por semana eu ainda passo um tempo sem me mexer...

Mas acho que a maioria de nós realmente acredita que Bukowski está certo quando diz "Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?" . O amor é mesmo uma grande mentira, um grande truque de marketing.

Ninguém gosta, realmente, de outra pessoa. E se você diz que gosta, você mente.
Então mintam, meus caros, mintam deslavadamente! Conheçam estas dez mil pessoas! Conheçam todas!

Conheçam todas e não façam absolutamente nenhuma feliz. Porque, ai sim, poderá mostrar o grande pedaço de bosta que você é. O grande pedaço de bosta egocêntrica que você é.

Enfim... que vivamos todos em paz na única e solitária companhia de nossas moscas. E, como diria Machado de Assis:

"Que a terra os seja leve"

Tenhamos uma boa noite.

por Aline DeMarco

Faz de Conta


Passa o tempo
passa gente
passa a gente
e a gente fica
A gente sempre fica
e só a gente fica.

E nessa de passar e não ficar
a gente se abraça,
faz graça,
se enlaça
e promete casar
promete perpetuar aquilo que a gente tem.

Mas como é só a gente que fica
por medo logo se arruma uma briga
E o abraço, e o laço, o enlaço,
de repente se confundem ao asco.
Tudo foi quebrado, o tempo está marcado
selado
finalizado.

E assim só a gente fica...
só a gente fica
a gente fica
gente... fica
fica...

por Aline DeMarco

domingo, 25 de abril de 2010 20:09 Postado por Nenhuma Palavra 1 comentários
Hipocrisia, eu quero uma pra viver...

Sabe aquela música do Cazuza? Que todo mundo canta como se fosse super engajado?
Então, engajado é uma porra. Tá é todo mundo querendo se mostrar...
A gente sempre quer se mostrar em tudo que faz... Porque o ser humano é completamente viciado em auto-afirmação.

Outro dia eu vi duas senhoras conversando no metrô... o metrô é o melhor lugar pra gente ver do que que as pessoas são capazes. Uma segurava no balaústre e dizia estar morrendo de dor de cabeça. A outra ouviu, assentiu e comentou: "Você sabe que outro dia eu tive uma dor de cabeça tããão forte!!! Menina, estava isuportável!"

Eu olhei para aquilo e engoli a minha ironia. Que merda... o ser humano é tão escroto que consegue competir até pela dor.

A maioria das pessoas que já passaram pela minha e, não se engane, pela sua vida também, nos dão ouvidos apenas pra esperar a sua vez de falar. Como se precisássemos desesperadamente falar, sem qualquer menção de ouvir. Vivemos num círculo de hipocrisia que mais parece uma dança... uma troca de gentilezas. Você finge que me escuta e eu desabafo a minha vida pra você. Depois eu finjo que te escuto e tento te provar como eu sou mais coitado, como a minha vida é mais sofrida que a sua e, claro, como eu sou mais forte que você pra suportar essas dores.

A gente tá é sempe fingindo.
Nessa busca imbecil de tentar garantir aquilo que nos interessa, passando por cima de qualquer outra coisa, como tratores sedentos pela satisfação, sequer nos damos conta do quão ridícula é essa atitude. A busca incessante pelos nossos próprios interesses só diz respeito a nós mesmos, não integra mais nada nem ninguém em nossas vidas. Nos torna solitários, nos torna esse homem-oco, essa aberração.

Definitivamente eu não quero passar a minha vida sugando a dos outros pra obter auto-confiança. Isso simplesmente não faz sentido. As pessoas não são produtos, não são feitas para serem consumidas. Isso me dá nojo.

Definitivamente, eu não me limito a ser um pedaço de carne. Uma carne que faz marketing pessoal no orkut pra mostrar que está na validade, no twitter pra mostrar que é profundo, no msn pra mostrar que é pop, no facebook pra mostrar que é a puta que o pariu. Você já reparou que fica mais tempo falando o que você é do que mostrando? A gente é o que a gente faz, meu amigo.

Então pare de ficar falando da sua vida e comece a vivê-la. Pare de tratar as pessoas como seres inferiores e deixe que elas entrem na sua vida... Em igualdade. A gente não nasceu grudado no outro, não precisa do outro pra se sentir em paz. Afinal, seria tão melhor se as pessoas crescessem juntas em vez de subindo umas nas costas das outras...

Comece a pensar nisso... Ou melhor... Comece a FAZER isso.
Quem sabe um dia a gente finalmente não muda o funcionamento desse mundo...


por Aline DeMarco

TRÊS HORAS

domingo, 18 de abril de 2010 19:58 Postado por Nenhuma Palavra 0 comentários
Você levanta às três horas da manhã e não consegue mais dormir até as seis. Um repentino desgosto sobe do seu estômago até a garganta, um frio tão imensuravelmente frio que não passa. Você está febril? Não... não tem vontade de levantar pra ver. Tanto faz... Os pensamentos incômodos passam pela sua cabeça como se sua mente quisesse te castigar, como se houvesse um homenzinho ali dentro que te cutuca sempre que você não precisa ser cutucado e repete, e sussurra, na beirinha do ouvido: O-t-á-r-i-o.



Sabe, às vezes a vida te caleja. Te deixa frio; tão ou mais frio que os frios daquelas noites. E ai... bom, ai você deixa de sentir. Desconfia, desacredita, dá risada. Tanto que fica absolutamente imune a qualquer tipo de notícia... inexpressivo, calado, com uma pedra no meio do seu peito. Você não vai rir... e também não vai chorar. Porque embora o homenzinho fique te sussurrando repetidas vezes o que você é, foi e sempre será, algumas pessoas só o são, realmente, uma vez. Uma vez de cada vez.


É... a vida te caleja. Caleja ao ponto de você não fazer pelas pessoas o que elas não fariam por você. Sim, talvez esse processo deixe a gente um pouco mais primata do que ser humano. Animalize... Já que a vida virou uma selva, devemos mesmo é ser selvagens... Devemos...devemos dormir... Não! Acordar! E lutar contra isso, LEVANTE-SE!


Não. Você mexe o braço, quer mexer o braço, pensa no braço mexendo... mas ele não se move. São três horas da manhã e você não consegue dormir até as seis. Um desgosto subindo, uma ânsia, aquela náusea... há quanto tempo você não come? Abra seus olhos, rasteje até a cozinha... Mas a única coisa que não te faz vomitar é uma garrafa de vodka russa... O-t-á-r-i-o...


É dificil levantar quando o chão cospe na sua cara e vai embora. O que foi que você fez mesmo? ... Nada. Mas a culpa é sua, sempre foi sua, tem que der sua... deve ser sua. Você está alucinando? Não... é real, quem dera fosse ilusão. Você poderia se sentar novamente na cadeira de um bar, poderia sorrir de novo, rir de tudo isso. Você está em estado de choque.


Se arrasta de volta pra cama com a tal da vodka russa, bebe tudo sem dó. Inconsequentemente. Talvez faça passar esse frio... como é mesmo o frio? Ah, sim... era aquele frio que vinha de dentro, te fazia tremer... claro, escuro, claro, escuro... seus olhos fecham. Agora é só escuro.


Você levanta as três horas da manhã e não consegue mais dormir até as seis... Mas chega um dia que a vida te caleja... e ai? Ai você deixa de sentir.






por Aline DeMarco

Como é mesmo a frase que dizem?


"Tudo aquilo que não te mata, te fortalece."


Na teoria é mesmo bem bonito de se dizer. Mas como saber, meu amigo? Como saber se um acontecimento será capaz de te fortalecer ou de te matar aos pouquinhos? Ali, na base da tortura.


Eu já vivi muita coisa, já vi mais do que gostaria de ter visto. Chega uma hora que tudo o que você quer é sentar num bar e tomar uma cerveja e desejar que tudo não passasse de um sonho. Desejar que algum deus, diabo ou o raio que o parta se compadecesse da sua alma e lhe causasse uma repentina perda de memória, desejar que o tempo pare ou... Ou melhor, desejar que o tempo volte.


Mas o tempo não volta, não para, sua memória continua fodidamente intacta, o que você vive é a realidade e fatalmente, companheiro, a sua cerveja sempre acaba.


E não me venha com essa de que o mundo é uma maravilha. Mentira. Só você sabe o que você sente quando está sozinho... e se não sente nada procure um médico, você não é humano.


Tudo aquilo que não te mata te fortalece? Bobagem. Ando preferindo que mate, mas que mate de uma vez, num tiro só. Uma tacada única.


Assim podemos parar de nos iludir para depois dizer que as nossas frustrações servem para ganhar força... E criar frases bonitas para tapar os buracos causados por nossas quase mortes...





por Aline DeMarco