Coxinha de Frango

[Esse post é dedicado ao meu amigo Douglas Battetuci que me deu a idéia do tema.]


Eu acho, sinceramente, que dá pra julgar o patamar social de um indivíduo olhando pra coxinha que ele come, está comendo, ou é capaz de comer.

Nos botecos de São Paulo, por exemplo,  a gente pode observar diversos tipos de coxinhas, indo da mais sequinha e recheada à que é depósito de óleo, massa e gordura trans. - Isso quando o dono do boteco não me coloca aquele catupiri safado feito de maisena no meio do recheio pra dá uma disfarçada no frango esfarelento. Sim, porque, segundo uma árdua pesquisa, fui capaz de constatar que quanto mais safada a coxinha mais esfarelento é o recheio e mais oleosa é a massa. O que é intrigante, porque como uma coisa consegue ser esfarelenta de tão seca e, AO MESMO TEMPO, MEU CARO, semi-líquida de tão gordurosa?

Bom, o fato é que, de bar em bar, com muito ânimo e força de vontade - ou com a sua vivência - você acaba sendo capaz de reparar que aquela mocinha fresquinha de " unhinha feita na manicure toda a semana" fã de Restart, Cine e Justin Bieber, jamais chegará perto de uma coxinha de boteco, aliás, pra uma pessoa fã destas coisas, acho que nem do boteco ela pode chegar perto... Então, refazendo as minhas palavras para menores de... 12? anos : "( ... ) jamais chegará perto da coxinha de frango da cantina do colégio!". Mas eu acho que esse tipo de gente não merece muita consideração. Particularmente eu tenho uma admiração reprimida por quem é capaz de chegar no boteco, pedir uma cerveja e uma coxinha de frango das mais oleosas e manda pra dentro sem ressentimentos.

Aliás, acho que a maioria dos meus amigos seria capaz de fazer isso. Pensando bem, acho que, na verdade, a gente pode avaliar o patamar das relações entre as pessoas colocando uma coxinha pra ela comer numa mesa de bar. Quando a companhia é interessante, meu amigo, ninguém tá nem ai pro que tá sendo servido.

Resumindo, eu me perdi.

Quero só fazer propaganda da coxinha de frango feita pelo meu excelentíssimo avô Seu Adhemar, que deixa qualquer buffet no chinelo e que é quase que uma tradição na família. - Sério, se tiver oportunidade experimente.

Também queria agradecer a participação do meu amigo Marcel  nos debates e pesquisas... - Até porque ele foi o único participante da pesquisa.



Obrigada por ler, até o próximo post.
por Aline DeMarco.

domingo, 9 de maio de 2010 01:14 Postado por Nenhuma Palavra 2 comentários
Charles Bukowiski tem um bom pensamento sobre o amor.

Ele diz:

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."

Ultimamente ando acreditando que essa é a mais absoluta verdade. A gente nunca vai conseguir apenas gostar de uma pessoa, sem pensar no que ela pode nos oferecer... sem pensar no que nos é mais conveniente. E, sinceramente, é triste que funcionemos assim. É... é solitário demais...
Mas o que fazer, camarada? Nesse mundo de loucos, ou é seguir isso ou ir pro banco do reserva antes do fim do jogo, antes da possibilidade de fazer um gol.

Ando acreditando que, infelizmente, se a gente não for filho da puta nesse mundo a gente fica é pra tras, vira burro de carga, vira um coitado, um pedaço de merda. Uma parte de mim sisma em ser um pedaço de merda... A outra? A outra tenta dizer não.

Me parece que desse jeito as coisas ficam cada vez mais vazias, cada vez mais egocêntricas. Acho errado um ser humano ser egocêntrico com tanta gente do lado, acho até que é doentio. Mas vivemos nesse mundo de doentes, meu caro... E tudo o que se tem a fazer é apagar de vez essa chama que há dentro da gente e nos tonarmos doentes também... Nos tornarmos ocos também.

Nada para acrescentar, nada para dividir. Um imenso e absoluto nada.

Eu costumava andar por ai me perguntando os motivos para as pessoas agirem assim. Finalmente aprendi que não é uma questão de escolha, que ou é assim ou você vira uma espécie de zumbi que acha que não tem mais nada dentro de você, que realmente sente isso.

A vida é assim, amigo... se a gente é bonzinho demais acaba perdendo a parte toda que há dentro da gente, acaba chegando no fatídico dia que você tem que ficar uns dez minutos sem se mexer com medo de que, se você se levantar, você vai fazer a maior bosta do mundo com a sua vida. Até hoje, pelo menos uma vez por semana eu ainda passo um tempo sem me mexer...

Mas acho que a maioria de nós realmente acredita que Bukowski está certo quando diz "Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?" . O amor é mesmo uma grande mentira, um grande truque de marketing.

Ninguém gosta, realmente, de outra pessoa. E se você diz que gosta, você mente.
Então mintam, meus caros, mintam deslavadamente! Conheçam estas dez mil pessoas! Conheçam todas!

Conheçam todas e não façam absolutamente nenhuma feliz. Porque, ai sim, poderá mostrar o grande pedaço de bosta que você é. O grande pedaço de bosta egocêntrica que você é.

Enfim... que vivamos todos em paz na única e solitária companhia de nossas moscas. E, como diria Machado de Assis:

"Que a terra os seja leve"

Tenhamos uma boa noite.

por Aline DeMarco

Faz de Conta


Passa o tempo
passa gente
passa a gente
e a gente fica
A gente sempre fica
e só a gente fica.

E nessa de passar e não ficar
a gente se abraça,
faz graça,
se enlaça
e promete casar
promete perpetuar aquilo que a gente tem.

Mas como é só a gente que fica
por medo logo se arruma uma briga
E o abraço, e o laço, o enlaço,
de repente se confundem ao asco.
Tudo foi quebrado, o tempo está marcado
selado
finalizado.

E assim só a gente fica...
só a gente fica
a gente fica
gente... fica
fica...

por Aline DeMarco