Estupidez

domingo, 8 de agosto de 2010 13:39 Postado por Nenhuma Palavra 1 comentários
Tome uma cerveja.

Ouça uma boa música.
Ouça algo que te faça voar... voar cada vez pra mais longe.
Tome uma cerveja, amigo.
Vá ao próximo bar.
Fume seus cigarros californianos.


Tome uma cerveja e fume um cigarro.
Encoste-se na cadeira,
Estenda os pés o máximo que puder.
Cruze os braços e observe.



A vida lá fora não foi feita pra você.
Ei, sente-se.
Pegue um cigarro, tome uma cerveja.
Esteja alerta por toda a noite.
Porque ela vai chegar.



Os carros lá fora passam em forma de luzes.
Luzes rápidas acompanhando o farol.
Luzes rápidas acompanhando a rotina.
Luzes rápidas pro sonho,
Pro pesadelo.
Realidade.


Você está fodido.
Pegue mais um copo, tome um gole.
A vida passa em luzes lá fora.


Ontem você era o que?
Um jovem revolucionário? Um milionário? Um visionário?
Otário.
Um protótipo.
Um produto.
Um puto.
Um nada.


Encoste-se na cadeira
Tenha calma
Respire.
Inspire
Solte a fumaça.



O gosto amargo que fica da nicotina é um ranço,
uma prova do amargo já provado.
Você tem vinte e seis anos e a vida é dura, é amarga.
Infeliz.
Você tem vinte e nove anos e está no fundo do poço.



Tome esta cerveja, fume este cigarro.
Você nunca teve vocação pra revolucionar.
Você quer,
tenta,
grita,
esperneia.



Mas no final acaba sentado no bar de pernas esticadas
e braços cruzados olhando as luzes passarem.



As pessoas lá fora ficam falando sobre não desistir.
Dissertam sobre não desistir,
discutem a não desistência.
Dizem que é fraco desistir.


Mas é burro gastar tempo
É estúpido gastar vida.



Você está sentado no bar
de pernas cruzadas
olhando a vida passar.
É grosseiro o modo com que a vida passa.



Você tem trinta e dois anos e nenhum plano,
nenhuma promoção no emprego,
nenhuma idéia da vida.
Nenhuma mudança.



Aos dezesseis você queria mudar o mundo,
aos dezessete acreditava que era capaz.



Esqueça isso,
tome uma cerveja.
Ouça uma boa música...
esqueça disso.



Conforme a vida passa,
te faz sentir cada vez mais
como um maldito vaso quebrado.



Não há nada ali dentro,
nada pode existir ali dentro.
Você está partido, não há cura.
Você é um traumatizado,
um fodido.
Estupidez.



Você tem setenta anos,
três filhos,
sete netos,
dois cânceres ósseos
e apenas uma mulher.



O que você fez?
A morte é breve, a morte é desejada.



Então você se senta num bar,
encosta as costas na cadeira,
estica e cruza as pernas,
dobra os braços calmamente.



Fume uma cerveja, beba um cigarro.
O sinal abriu.
Luz forte...
...agora.
Tudo o que se tem a fazer é esperar essas luzes passarem.


Obrigada por ler.
Por: Aline DeMarco.

 
ATENÇÃO: Esse post não se refere a alguém, não tem a intenção de se referir a alguém e jamais se referiria a alguém, por isso, se você se identificou não encha meu saco. Vamos ter um pouco mais de cérebro e interpretar as coisas mais profundamente, por favor.
Obrigada.